Nanã: Um mito da condição materna...
Em 2010 o ator Javier Bardem interpreta Biutiful. E no que ele é um pão não poderia ter outro nome. No paralelo a temática familiar encenada compensa qualquer desventura, a um não cinéfilo que decidi ir assistir tão somente pela condição de fã; desde um enredo que primou pela condição paterna rara - um homem se dedicando inteiramente a condição de criar os filhos sob sua tutela, Bardem ademais transita na saga como médium, desde uma sensibilidade com o humano afirmado na sua personagem quando enuncia que - quem cria os filhos é o mundo. E por suposto tece uma relação com o desapego, no paralelo de vir a tona nele uma doença, colocando - o em fase terminal de vida. Emocionante sua interpretação da condição de pai que se assume invertido, uma mãe, na possibilidade de trocas afetivas para a construção de uma relação dialógica com os filhos.
Um mérito difícil, mesmo impossível numa relação patriarcal conservadora. Nela a criação de filhos está verticalizada pela violência do silencio. O espaço do pai para realizar tal façanha é uma quimera e ambos os três: pai, mãe e filho encontram-se sozinhos e distanciados um dos demais em si; só - tal qual o esforço de pular pra fora da barriga da mãe e navegar em outras águas ainda que etéreas, num elemento - o ar.
Um ar.
Que chega rarefeito, masculino e pipocado de sífilis herança patriarcal.
Na busca de sua pureza tenta uma arma; esta lhe chega à metade...
Um arco.
Ainda por buscar sentido na afirmação do desapego para a condição materna é agraciada com Iris na composição feminina das cores
Um arco-iris.
Do ar rarefeito e da arma incompleta para uma lucidez da iris transcrita na mensagem de desapego.
Nanã: Um mito da condição materna do arco da velha.
Editado em 20.07.2017
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